Daniel 12 - Miguel se levanta
Muitos entendem que o capítulo 12 de Daniel refere-se ao tempo do fim e é fato que ao decorrer do capítulo há diversas menções ao tempo do fim.
“E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro”. Daniel 12:1
No capitulo anterior de Daniel (o capitulo 11), notamos que o profeta cruza a história. Nos fala de diversos reinos como Pérsia, Grécia, Roma e Egito e avança no tempo. Chega ao período da Cruz de Cristo depois segue até os dias de Constantino e finalmente no período de domínio papal culminando com a abominação desoladora, o decreto dominical. Tal evento acarretará perseguição ao povo de Deus, a ponto de não termos condições se quer de trabalhar e ter nosso sustento (Apoc.13:17). Será um período de grande angústia. Porém, Cristo ainda estará intercedendo no santuário celestial, mas a profecia nos mostra que haverá um momento que Ele deixará de interceder. “Deixando Ele o santuário, as trevas cobrem os habitantes da Terra. Naquele tempo terrível os justos devem viver à vista de um Deus santo, sem intercessor”. Nesse momento a porta de graça estará fechada (apoc.8:1-5). O juízo dos vivos é concluído e os destinos dos habitantes da Terra foram decididos, quem se salvou não se perde mais e quem se perdeu não se salva mais. Nesse contexto, onde os filhos de Deus estão selados com o selo do Deus vivo e os filhos do Dragão com o sinal da besta, Jesus se levanta para libertar seu povo! Aleluia!
Ressureição especial
“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno”. Daniel 12:2
A bíblia ensina que a esperança para o problema chamado morte é a ressurreição (1º Tess.4:13-18). A bíblia atesta que tantos justo quanto ímpios irão ressuscitar, porém apenas os justos receberão o galardão (apoc.20:5-6) os ímpios terão que pagar suas penalidades que demandam da lei de Deus. A bíblia nos mostra que pecado é a quebra da lei (1º João 3:4) e as conseqüências dessa rebelião é a morte de seu transgressor (Romanos 6:23). Como os ímpios não se arrependeram, logo precisam pagar a penalidade. Mas a bíblia menciona outra ressurreição além dessas duas já mencionadas. Daniel nos mostra uma ressurreição parcial. A luz de apocalipse 1:7 encontramos a resposta:
“Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém”.
Apocalipse 1:7
A bíblia ensina claramente que os mortos estão no pó da terra (Ecle.12:7), também nos mostra que os ímpios ressuscitarão após o milênio. Como entender o texto que diz que até os que mataram e escarneceram Jesus, irão vê-lo em sua volta? Eles precisam ressuscitar! Trata-se ali de uma ressurreição parcial!
Tempo do fim
Outro verso que nos mostra que o capítulo 12 está contextualizado no tempo do fim é o verso 7:
“E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, o qual levantou ao céu a sua mão direita e a sua mão esquerda, e jurou por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo, e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas.” Daniel 12:7
Mais uma vez são mencionados os 3 tempos e meio, medida extremamente usada na profecia bíblica e sua principal aplicação referem-se aos 1260 anos de perseguição romana ao povo de Deus (Daniel 7:25). Após esse período (1798) entramos “oficialmente” no chamado tempo do fim. Para mais informações clique aqui
“Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: Senhor meu, qual será o fim destas coisas? E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim.” Versos 8 e 9
1290 dias e 1335 dias
Avançando no capítulo 12 de Daniel, nos versos 11 e 12 encontramos menção aos 1290 dias e os 1335 dias. Eles são tradicionalmente entendidos como datas passadas.
“E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias” versos 11 e 12
De acordo com o comentário bíblico adventista, encontramos a explicação para a origem dos dias mencionados:
“Aqueles que mantêm o ponto de vista de que o diário representa o paganismo, subtraem 1290 de 1798 e chegam a data de 508. Eles vêem nos eventos ao redor dessa data, a conversão de Clóvis, rei dos francos a fé Católica e a vitória sobre os Godos um importante passo no estabelecimento da Igreja Católica no Ocidente” (SDABC vol 4, pag 881).
O comentário segue dizendo: "Aqueles que mantêm o ponto de vista de que o diário se refere ao contínuo ministério Sacerdotal de Cristo no Santuário Celestial e à verdadeira adoração de Cristo na era evangélica, não consideram essa primeira explicação satisfatória. Eles crêem que este texto é uma daquelas passagens da escritura que um futuro estudo trará luz adicional"
Percebe que o respeitado comentário bíblico nos mostra que não houve nenhum evento profético especifico na data 508 para que possa ser usada na profecia. Deixa ainda aberto a possiblidade de uma nova interpretação no contexto escatológico (tempo do fim). O comentário diz claramente; "ao redor desta data". Cabe então observamos um detalhe: em todos os blocos proféticos, que as profecias de Daniel são progressivas. Como, no último bloco, cujo contexto trata do tempo do fim, somente esses 2 versos estariam no contexto passado? A data 508, não é precisa ao ponto de ser taxativa na profecia jogando os eventos traçados no tempo do fim, de volta a idade média...
A data 508
As 2 principais justificativas de que a data deve ser considerada como profética são: A conversão de Clovis o franco a fé católica e sua vitória sobre os Visigodos, porém nem um nem outro evento se cumpriu na data sugerida:
Conversão de Clóvis a fé católica
Em muitas fontes pesquisadas quando tratam desse evento histórico, referente a conversão de Clóvis o Franco, percebemos que todas as fontes apontam para o ano 496 dC e não para o ano 508
“Ele havia previamente casado com a princesa burgúndia Clotilde (493), e, após sua vitória emTolbiac, converteu-se em 496 à fé católica. Isso foi uma mudança significante em relação aos outros reis germânicos, como os visigodos e os vândalos, que adotaram o arianismo”
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%B3vis_I
“O Rei dos Francos Clóvis I converte-se à fé católica. Outros reis germânicos já haviam adotado o cristianismo de Ário (arianismo), declarado herético pela Igreja, mas ao adotarem o cristianismo romano, os francos tornaram-se aliados potenciais do papado. O batismo de Clóvis I, a exemplo da conversão do imperador romano Constantino I, O Grande em 312 foi de grande importância para o futuro da Igreja Cristã”
Fonte: http://cronohistory.blogspot.com.br/2012/09/idade-media-i-ano-476-600.html
“No dia de Natal de 496 foi celebrado solenemente o batismo do rei franco, de sua irmã, e de três mil de seus guerreiros. Todo o caminho até a catedral de Reims estava engalanado com flores e florões. O templo sagrado, ricamente adornado, brilhava à luz de uma infinidade de velas em meio a nuvens de incenso. O rei bárbaro, emocionado, perguntou a São Remígio: Santo Padre, é este o Céu? No momento em que o batizava, disse São Remígio as célebres palavras: Curva a cabeça, sicambro [um dos nomes dados aos francos]; ama o que queimaste, e queima o que adoraste"
Fonte: http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=275&mes=julho2002&pag=2
Vitória sobre os Visigodos
Da mesma maneira que não a precisão em relação a conversão de Clóvis a fé católica, assim sua vitória sobre os Visigodos também não bate com a Data 508. Em diversas fontes a data apontada é 507
“Apesar de ter lutado uma batalha em Dijon em 500, Clóvis não foi feliz em subjugar o reino burgúndio. Parece que ele de certo modo ganhou a ajuda dos armoricanos nos anos seguintes, pois eles o assistiram na sua vitória sobre Oreino Visigodo de Tolosa em Vouillé (507)”
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%B3vis_I
“Em 507 O Rei dos Francos Clóvis I derrota os Visigodos em Vouglé expulsando-os do Reino Franco”
Fonte: http://cronohistory.blogspot.com.br/2012/09/idade-media-i-ano-476-600.html
Trecho do artigo "A evolução Política da alta idade Média na Europa Ocidental dos Prof.Ms Daniela Bibiane (Mestra em história Social / UFF e Prof.Ms Moisés Tôrres (Doutorando em história / PPGHIS – UFRJ
"Em 507, porém, o Rei Alarico II foi vencido e morto na famosa batalha de Voillé pelos exércitos francos de Clóvis, o que determinou o fim deste primeiro reino e os fugitivos Godos tiveram que atravessar os Pirineus"
Fonte :http://ppg.revistas.uema.br/index.php/brathair/article/viewFile/661/582
Outras fontes que atestam que a vitória sobre os Visigodos foi em 507 encontram-se: Encyclopedia Britannica, vol.4, pág. 762 e Collier´s Encyclopedia, vol.6, pág. 635
Outro ponto a ser considerado é o fato de que dos 10 chifres mencionados em Daniel 7, apenas 4 tiveram destaque. O chifre pequeno (Roma Papal) e as 3 tribos abatidas por ele (Vândalos, Hérulos e Ostrogodos) em nenhum momento são destacados os Visigodos na profecia
Como podemos aceitar dentro de um contexto visivelmente escatológico, uma data que além de imprecisa, ainda faz com que o contexto escatológico seja direcionada para a idade média? Os versos 11 e 12 são claríssimos ao indicar que haverá esses períodos de tempo (1290 dias e 1335 dias), mas no contexto da abominação desoladora (decreto dominical) e não da idade média!
“E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias” versos 11 e 12
Nos capítulos 11 e 12 Daniel faz importantes alertas a respeito da abominação desoladora, tal como Cristo no evangelho de Mateus:
Daniel 11:31 "Dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora."
Mateus 24:15 “Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de desolação, predita pelo profeta Daniel (quem lê, entenda)”
Veja claramente a bíblia explicando a bíblia! Ela é o maior intérprete de si mesma, deixe que apenas a bíblia fale. Perceba, no livro de Daniel, como a interpretação histórica e escatológica quando trabalhada juntas, dão brilho a beleza da revelação divida! A progressão histórica de Daniel é impecável
Daniel 12 dá continuidade ao que Daniel 11 nos mostrou. Com as leis impostas no sentido de mudar o dia de adoração divino e colocado em seu lugar outro dia, ocorrerá a perseguição ao povo de Deus, por isso o capítulo 12 abre dizendo: “Nesse tempo se levantará Miguel...” por que se levantará Miguel? Porque sua Lei foi pisada a pés pelo chifre pequeno que é Roma Papal. Quando Miguel se levantar, o planeta estará envolvido em um contexto mundial cujo centro é a adoração a Deus ou a Satanás. Esse será o temo em que se cumprirá a profecia: “...e toda a Terra se maravilhou após a besta” (após.13:3). O povo de Deus estará sendo perseguido pelos adoradores da besta e da sua imagem
Note como Deus é perfeito no linear profético! Como Deus iria, após mencionar o decreto dominical, a Libertação de seu povo por Miguel, mencionar a ressurreição parcial que ocorrerá na volta de Jesus, e depois voltar para a idade média?
Se entendermos que tanto Daniel quanto Jesus estão falando do tempo do fim, ficará fácil entender que os dias mencionados nos versos 11 e 12 (1290 e 1335 dias) estão no futuro e não na idade média
“Não há escusas para alguém tomar uma posição de que não há mais verdade para ser revelada, e que todas as nossas explanações da Escritura estão sem um erro. O fato de que certas doutrinas têm sido defendidas como verdades por muitos anos pelo nosso povo não é uma prova de que nossas idéias são infalíveis. O tempo não deixará permanecer o erro na verdade, e a verdade pode ser esclarecida. Nenhuma verdadeira doutrina perderá alguma coisa pela inteira investigação.”